Os perigos do crédito rotativo

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A crise econômica está ficando para trás, mas seus efeitos persistem no dia a dia de muitos consumidores brasileiros. Um recente levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) detectou que 54% dos brasileiros avaliam como difícil o processo de contratação de empréstimos e linhas de financiamento nos dias de hoje.

Um exemplo desse cenário restritivo no mercado de crédito é que 17% dos consumidores não conseguiram fazer uma compra parcelada em março. Na maior parte desses casos, o bloqueio aconteceu porque eles estavam inadimplentes (8%), não conseguiam comprovar a renda ou até mesmo estavam com saldo insuficiente para adquirir o bem pretendido.

"Essa é uma realidade que tende a mudar com o Cadastro Positivo. Com sua aprovação, todos os brasileiros passam a fazer parte dessa base de dados. Então, não apenas faturas de cartões de crédito e empréstimos serão considerados para a formação da nota de escore; contas de serviços, como telefone fixo, água e luz, também serão avaliadas. Dessa forma, quem tem renda mais baixa e não se relaciona tanto com bancos poderá ter seu perfil identificado pelo mercado, o que tende a desburocratizar e até mesmo baratear o acesso ao crédito”, afirma o superintendente de Bureau de Crédito do SPC Brasil, Nival Martins.

Cartão é preferência nacional

Mesmo com dificuldades de obter aprovação de crédito, muitos brasileiros utilizaram alguma modalidade. O cartão de crédito segue como o meio de pagamento mais popular entre aqueles que parcelam suas compras: nada menos do que 40% de citações, bastante à frente do segundo colocado, que é o crediário ou cartão de loja, com apenas 10% de menções. O cheque especial foi citado por 6% da amostra e o empréstimo, por 6%. Ainda, 4% dos consumidores buscaram financiamentos.

Uma descoberta interessante é que a popularização do cartão de crédito está fazendo com que ele seja utilizado não somente na compra de bens de alto valor agregado, mas até mesmo em compra de alimentos e no dia a dia. Compras em supermercados foram as mais feitas no cartão: 62% de menções; depois surgem os gastos em farmácias (48%), vestuário e acessórios (38%), combustível (35%) e idas a bares e restaurantes (31%).

A bola de neve do rotativo

Mas a comodidade do cartão levou muitos de seus usuários ao pagamento do rotativo, aquele em que o consumidor opta por pagar um valor inferior ao integral da fatura: 26% dos usuários ficaram nessa situação em março.

“A parte mais perigosa do rotativo é que essa escolha de pagamento mínimo pode se transformar em um efeito bola de neve, em que o consumidor empurra para frente o pagamento de suas compras. Isso muitas vezes pode tornar a dívida impagável, uma vez que os juros são os mais elevados do mercado e rompem a barreira dos 400% ao ano”, alerta o educador financeiro do portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli.